quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Vende-se Ceroulas




É notório como o tema “prosperidade” tem sido utilizado pela grande mídia, dita evangélica, como estratégia de marketing para incentivar o desejo individualista e consumista do ser humano.
As empresas de mercado “gospel” e os grandes meios “evangélicos” de comunicação estão repletos de ofertas de produtos “espirituais”: “Plante novecentos e noventa e nove reais e seja próspero”. “Use a marca Aleluia e evangelize todas as nações”. “Compre a Bíblia autografada do ‘Gato Felix’”.
É evidente que muitos desses anúncios, mesmo utilizando-se de uma linguagem religiosa, refletem apenas a sede de dinheiro e poder de muitos líderes religiosos que falsamente se dizem cristãos. Essas organizações capitalistas assumem o pretenso nome de “igreja evangélica” com o único objetivo de explorar a tantos quanto puderem.
A verdadeira mensagem Evangélica, ao contrário do que ensinam esses “anticristos”, não consiste em um consumismo individualista e desregrado, mas sim em arrependimento do mal e conversão para uma vida bondosa.
Mas, infelizmente tem surgido homens e mulheres, filhos da nossa pátria, e, tantos outros vindos do norte, que, ao chegarem ao Brasil, manipulam o evangelho para transformá-lo em um comércio de ceroula.
Será que tais homens não se lembram que Jesus ensinou a dar de graça o que de graça eles receberam? Será que não se lembram do apelo que Cristo fez para que seus verdadeiros discípulos não se preocupassem em ajuntar tesouros na Terra? A verdade é que assim como nos narra a história bíblica de Simão, o mágico, estes falsos profetas tornaram-se cegos por tentarem negociar aquilo que é Sagrado.
E o mais frustrante diante de tudo disso é perceber, que muitos de nós, que confessamos uma fé evangélica, temos cedido a esses discursos infames, no instante, em que, desistimos de lutar pelo bem comum, optando antes, por alcançar o bem de consumo. Como um amigo costuma dizer “temos deixado de ser protestantes para assumirmos o papel de coadjuvantes em uma sociedade carente de Deus”.
Diante de toda essa situação, até quando, nós evangélicos, vamos nos calar?


Escrito por Daniel Chacon. Ensaio publicado pelo jornal Super do dia 10/09/2009
http://www.otempo.com.br/supernoticia/acervo/?IdEdicao=776